Se não tivéssemos, há mais de cem anos, interrompido inconscientemente e ao sabor da conturbada moda da época, uma instituição que nos tinha conduzido, com mais ou menos eficácia, mas tenazmente ao longo de oito séculos de História, não estaríamos agora nesta situação desesperada e sem norte.
Não é a primeira vez que Portugal se encontra com falta de liquidez e com a dívida soberana levada à "glória", por políticos irresponsáveis ou corruptos, não interessa agora. No século XIX, o Fontismo, com a sua política de fomento, com abertura de estradas, construção de pontes e de linhas férreas por todo o País, juntamente com as explorações no interior do Continente Africano, tendo em vista a obtenção de fontes de matérias-primas, poucos anos depois de termos perdido as do Brasil, também levara Portugal à bancarrota financeira, com a ajuda do inevitável conflito com a Inglaterra, que ficou conhecido por "mapa cor de rosa", visto serem eles os nossos principais credores de então.
Nessa época de aflição tivemos um Rei D. Carlos, que imediatamente prescindiu de vinte por cento da Sua dotação orçamental e dirigiu um discurso à Nação, explicando as dificuldades que o País atravessava e exortando os Portugueses a pagar e sobreviver, conservando a esperança no futuro.
Hoje, volvidos que estão cento e um anos sobre a implantação da república, o que temos? No lugar do Rei, temos a sinistra figura que foi, como primeiro-ministro e com dinheiros vindos da Europa, o principal autor material do descalabro a que chegaram a nossa agricultura e pescas, pagando o abate da nossa frota pesqueira e de transportes, bem como subsidiando os nossos agricultores para nada produzirem, tornando um País de escassos recursos, num fornecedor de turismo e serviços, a alimentar-se de produtos importados, gerando um gigantismo do Estado sem paralelo na nossa História.
Com que autoridade brada hoje esse senhor pelo desígnio histórico do mar e pelo regresso dos portugueses à agricultura, que nos forçou a abandonar?
O Estado precisa ser redimensionado à nossa escala e aos capitais disponíveis, todos teremos que fazer sacrifícios.
É tempo de os políticos equacionarem todas as pesadas estruturas que sucessivos governos foram sobrepondo, para compensarem os seus sequazes, após cada vitória eleitoral.
Porque não começamos a racionalização por cima, sabendo, como sabemos, que os custos do Palácio de Belém são superiores aos da Casa Real de Espanha, que é muito maior e mais rica do que este pobre "rectângulo"?
O recente escândalo de Dominique Strauss-Kahn, acusado por uma criada de hotel de violação, está a preencher páginas de jornais e tempos de antena das televisões. Por se tratar de um crime sexual, e por DSK, como é conhecido no seu país de origem, ser à data dos acontecimentos director-geral do FMI e, mais importante ainda, provável candidato ao Palácio do Eliseu.
O tratamento deste caso tem todos os ingredientes para captar a atenção dos consumidores de notícias de escândalos: dinheiro, política e sexo. Tal como as histórias que envolveram o Presidente Clinton ou o primeiro-ministro italiano, mas aqui com a grande diferença de haver uma acusação de violência, o que torna o ex-ocupante da Sala Oval e o “cavaliere” Berlusconi em quase meninos de coro.
A notícia causou um terramoto em França, sobretudo no Partido Socialista, que via nele – inclusive mercê de sondagens que o davam como vencedor das eleições presidenciais de 2012 – o grande trunfo para recuperar a Presidência da República que desde François Mitterrand lhe tem escapado. Aliás, se o acusado pertencesse a um partido de direita, o abalo seria igual e as reacções semelhantes. Mas, imediatamente, o PS francês, ainda que oficiosamente, lançou a tese da cabala, o “complot”, que nós portugueses tão bem conhecemos da história política recente, para justificar a acusação. Sem, pelo menos de forma clara, nela implicar o partido do actual presidente, deixando no ar a possibilidade de serem países não europeus a quererem ocupar o lugar mais importante do FMI, os socialistas não deixam de dizer, pelas vozes de dirigentes menores, que DKS caiu numa armadilha para o afastar da corrida presidencial.
Neste caso lamentável, não faço juízos de valor sobre as atitudes “mulherengas” de Strauss-Kahn em que é reincidente, nem condenações prematuras, quando a Justiça ainda não se pronunciou definitivamente. Se tivesse que fazer acusações seria ao espectáculo montado em primeira mão pelo sistema penal dos EUA que fere a dignidade humana, e mesmo os criminosos confessos a têm, pelos meios de comunicação social para quem estes casos são uma forma fácil de vender o produto e para os leitores “voyeurs” que, como as hienas, se alimentam do esterco.
Mas, ao reflectir sobre este caso, não posso deixar de concluir que a simples enunciação da tese de “complot” – que pode muito bem ter existido – envolvendo um eventual candidato à Chefia do Estado francês, revela que a luta pelo poder, ainda que efémero, para o cargo de presidente da república, vem revelar que mesmo para a mais alta magistratura das repúblicas – que representam os seus países e os respectivos Estados, interna e externamente e deveriam ser a referência política das democracias – todas as formas de afastar ou diminuir possíveis adversários são possíveis, mesmo as ilícitas, pela legalidade ou pela ética. A chefia do Estado, pela sua importância nacional e política, não pode estar à mercê de lutas que a diminuem e põem em causa dignidade da função e de quem a encarna.
Vêm aí as eleições para um órgão caríssimo, com as mais espúrias e obscuras funções que esta constituição e as subsequentes revisões constitucionais conseguiram conceber. Nas ridículas palavras do próprio actual detentor do cargo, nada mais pode fazer, além de bacocos discursos, para nos ajudar a resolver os graves problemas.
Alguns insuspeitos analistas de vários partidos, vêm avisando há mais de quinze anos da insustentabilidade da nossa situação financeira, que o gigantismo do Estado precisava de ser controlado, que um País precisa de gerar riqueza suficiente para sustentar o estado social, a Educação e a Saúde tendencialmente gratuitas, conforme a Constituição, que não poderíamos viver indefinidamente de empréstimos contraídos no mercado...
É preciso reconhecermos que o nosso problema não vem da crise do sub-prime de 2008. Não! Isso apenas agravou uma situação endémica, que teve o seu início com a adesão à Comunidade Europeia, que ocorreu durante o governo do actual presidente, que é o primeiro responsável pela desarticulação do nosso tecido produtivo, da nossa agricultura e pescas, pela desertificação do nosso interior, tudo isto através dos subsídios que a Comissão Europeia para cá mandou, com o objectivo, irresponsavelmente consentido, de nos tornarmos consumidores dos excedentes então existentes, sobretudo em França e Espanha.
Nesse tempo, não faltava dinheiro e começou então a criar-se o monstro do aparelho de Estado, consumindo a teia burocrática uma grossa parcela dos fundos europeus.
Enquanto os nossos governantes andam pelo mundo de mão estendida à caridade, tentando escapar ao humilhante recurso ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Central Europeu, por cá, seis-candidatos-seis, entretêm-se numa campanha eleitoral para um cargo que, de acordo com o actual titular, de nada nos serve, embora nos custe muito dinheiro.
Mas de que se ocupam as criaturas, para nos convencerem da importância das altas funções a que aspiram? De lucros há muitos anos obtidos em negócios de acções, ou de proveitos recolhidos em anúncios bancários!
Merecem estas invejosas comadres, que os Portugueses os levem a sério? Por mim, já dei para este miserável peditório.
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