A república contra o voto feminino
Pode ser que os republicanos passem a abrir menos a boca quando associarem a benfazeja república à democracia. O sufrágio directo e universal não é obra do cinco de outubro de 1910. Aliás, como fica claro, o universo eleitoral, nos primeiros tempos da república diminuiu face ao das últimas eleições monárquicas. Mais. Os republicanos estavam politicamente organizados e tinham liberdade de concorrer a eleições. E, espantem-se: eram eleitos. Claro que a república, conhecedora da liberdade que a monarquia dava aos seus adversários, não podia tolerar tal abertura. E, para terminar em beleza, e porque hoje, segundo se diz, é o dia da Mulher, não deixa de ser curioso notar que, já na segunda década do século XX, a República não permitiu que as mulheres votassem. Não podiam eleger e, por maioria de razão, não podiam ser eleitas. Pois bem. Portugal teve duas Senhoras como Chefes do Estado e nenhuma era do Partido Republicano. Enfim, coisas que a tirania monárquica, no século XVIII permitia mas que a democratíssima república no séc. XX não tolerava.
Na imagem: D. Maria II em 1833
Nuno Pombo