A História tem só 99 anos
A expressão “ à beira da guerra civil” será exagerada para descrever o ambiente político em que se vive nos últimos tempos entre o chefe de Estado (homem eleito por 2.746.689 portugueses) e o Governo ( de um partido eleito por 2.588.312 de outros portugueses). Mas se não é a guerra civil, o clima é pelo menos de cortar a faca: desde Costa Gomes que não se via tal desvario. Como é que chegamos aqui? Por duas vias: pela primeira vez vive em Belém quem não é da velha guarda socialista, laica e republicana; e também é inédito a presidência estar entregue a um homem que em anos anteriores provara que o País era governável
Mas um terceiro ponto é mais importante: o sistema semi-presidencialista que temos exige respeito pelas diferenças, e respeito não é coisa que possa ser incutida a martelada. Um sistema presidencialista funcionaria melhor, uma vez que o mais alto magistrado escolhe e preside ao governo sem outros “empecilhos” que não o Parlamento.
Também funcionaria um sistema parlamentarista, uma vez que o chefe de Estado se limita a cortar fitas, não se mete em politica. Mas o melhor sistema são as monarquias parlamentaristas, que têm a vantagem de que o chefe de Estado, por não precisar de partidos e políticos para chegar ao palácio, representa toda a nação e está por isso a salvo de casos políticos. De Espanha ao Japão, da Suécia ao Canadá, seriam impensáveis cenas como as que hoje vivemos em Portugal.
Sérgio H. Coimbra no jornal Metro de dia 30-9-2009