Da redenção de Portugal
“A doutrinação é a pedra angular de toda a actividade politica, não só porque ela contém em si a garantia da expansão de princípios, como também porque só mediante ela é possível criar vontades decididas e convicções capazes de dar corpo aos princípios abraçados. É da adesão das inteligências mais do que das inclinações sentimentais, que há-de resultar a profunda transformação em geral desejada e considerada indispensável para a redenção de Portugal”.
Temo que esta coerente formulação de António Jacinto Ferreira, fundador e director do Jornal “O Debate”, o mais relevante órgão de comunicação monárquico que subsistiu com grande tiragem entre 1951 e 1974 quando após a revolução foi extinto pelo MFA, não passe afinal de um “wishful thinking”. Só isso justifica que toda a produção intelectual de uma excepcional geração de grandes pensadores e filósofos políticos do século XX português como Jacinto Ferreira, João Camossa, João Taborda, Francisco Sousa Tavares, Ribeiro Telles, Barrilaro Ruas, Mário Saraiva, António Sardinha, Hipólito Raposo, Pequito Rebelo, Almeida Braga, Alfredo Pimenta, e Alberto Monsaraz entre outros, tenha caído no quase completo esquecimento, e à qual urge fazer justiça num país que a cada dia mais se afunda no mais cínico niilismo sócio-existencial. Cada um por si tiranizado pelo curto prazo.