Uma questão de decência
Não entendo a Chefia de Estado Real como constituindo um privilégio, antes pelo contrário. Onde existem dinastias historicamente legitimadas, e não sendo o cargo executivo, não vejo qualquer imoralidade no facto dos reis não serem sufragados pelo voto - vê-se bem por essa Europa afora a sua importância e o sucesso do modelo que persiste e se adapta nos países mais desenvolvidos. Mas é evidente que para a consumação em Portugal deste desígnio, a instauração da monarquia, a democracia tem que imperar organicamente na sociedade, através de uma participação activa das múltiplas comunidades na rés-publica. Esse é o problema: não acho que no meu País a democracia, a sociedade portuguesa e as suas instituições, no actual quadro constitucional, sejam suficientemente representativas e participadas (evoluídas) para acomodar uma Chefia de Estado hereditária. Seria um presente envenenado, um convite à insurreição. Mas isso não me demove um milímetro de me dedicar de corpo e alma à Causa Real para apoio à Casa Real Portuguesa para que ela perdure depois de mim, antes pelo contrário. Por uma questão de decência e... amor à Pátria que é legado dos meus avós.
Fotografia: Nuno Albuquerque Gaspar