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BLOGUE REAL ASSOCIAÇÃO DE LISBOA

Repto aos Reformadores do Estado

 

 

 

Quando em 1976 os constituintes desenharam a arquitectura do Estado democrático tiveram a preocupação de obrigar à perpetuação da democracia – através do célebre artigo 288º (“a forma republicana de governo” que, copiado da Constituição francesa, significa realmente a obrigatoriedade da divisão do poder em executivo, legislativo e judicial, uma conquista da Revolução Francesa, mas que entre nós é usado para impedir a mudança de regime – e, no que concerne à chefia do Estado, o corte com as más experiências das duas repúblicas anteriores, o sistema parlamentarista com a eleição por colégios eleitorais da Constituição de 1911 e  da de 1933 depois da revisão de 1959, por sufrágio directo de 1933 até 1959 e o presidencialismo de Sidónio Pais, imposto por decreto e que teve vida efémera. A experiência desses dois sistemas foi má, porque o presidente da república não tinha efectivos poderes de intervenção nos constantes conflitos das forças políticas  no caso do parlamentarismo da I República e Salazar temeu que um presidente hostil ao Estado Novo pudesse ser eleito por sufrágio directo (como poderia ter sucedido em 1958 com Humberto Delgado, não fossem as fraudes do aparelho do regime) e o perigo de uma ditadura pessoal, com o presidencialismo.

Indo, mais uma vez, basear-se na Constituição da V República Francesa, os constituintes instituíram um sistema semipresidencialista, com eleição por sufrágio directo e universal, cabendo ao presidente alguns poderes consideráveis de intervenção, mas competindo ao governo a condução da acção política e governativa. Promulgada a nova Constituição em 1976, logo em 1982 a Assembleia da República, pela primeira vez com poderes constituintes, fez uma revisão em que, para além de expurgar o texto das disposições de tutoria castrense que ficaram da revolução de 25 de Abril de 1974, reduziram substancialmente os poderes presidenciais.

Mas o semipresidencialismo à portuguesa é cada vez mais contestado. De facto, ao invés de ser uma fórmula de harmonia entre as forças políticas e sociais, revelou-se desde o início como meio de conflito institucional entre Presidente e Governo, ou porque ambos pertencem à mesma maioria política e como tal considerados cúmplices pelas oposições, ou porque cada um deles é de cor política diferente, com visões opostas das opções governativas. Foi assim com o Gen. Eanes e a AD de Sá Carneiro e até com o PS que viu nele um possível rival (daí ter aprovado com o PSD e CDS a revisão que retirou poderes ao Presidente), Foi assim com o Dr. Mário Soares que às escâncaras hostilizou o Primeiro-Ministro que, por sua vez o incluiu no que chamou “forças de bloqueio”, foi assim com o Dr. Jorge Sampaio que demitiu o Primeiro-Ministro Santana Lopes, apesar de ser suportado  por uma maioria estável, é assim com o Prof. Cavaco Silva que envia constantes “recados” ao Governo e não deixa de ser suspeito pelas oposições, que contraria ou ignora quanto pode.


São muitos, cada vez mais, os que pretendem um sistema diferente: ou presidencialismo à americana ou parlamentarismo à alemã e italiana, com um presidente eleito por um colégio eleitoral. Estes últimos em maior quantidade. Mas não parecem querer ir ao cerne da questão, que é a origem ideológica e política dos presidentes que nunca poderão ser independentes, nem equidistantes, nem suprapartidários, uma vez que terão de ter o apoio das forças políticas partidárias representadas no colégio eleitoral e a quem devem a sua função.


Aquilo que os defensores do parlamentarismo defendem é, no fim, algo semelhante às Monarquias Democráticas, em que ao Chefe do Estado são atribuídas funções de representação do Estado, interna e externamente, o comando supremo das Forças Armadas, o de arbitragem de conflitos entre as forças políticas e, eventualmente, outros poderes políticos que se revelem necessários e aconselháveis.


O argumento habitual é a questão da igualdade dos cidadãos, não perante a lei, mas de todos poderem ascender a tão alto cargo, o que é uma falácia. Veja-se o caso recente do Dr. Nobre, que não teve  apoios partidários e se viu completamente marginalizado, ou de Manuel Alegre, que viu o seu próprio partido preteri-lo em favor de um candidato que, à partida, se sabia que dificilmente ganharia. A chefia do Estado exercida por alguém que tem uma posição desigual na origem dos seu poderes constitucionais, assegura e potencia a igualdade dos cidadãos nos seus direitos políticos.


Quando se prepara, ou pelo menos se diz querer reformar o Estado, na sua arquitectura e funções, para uma melhor democracia e eficácia, porque não começar pela sua cabeça?


Daqui lanço um repto aos possíveis e desejados reformadores para que, em nome do Bem Comum e dos interesses perenes de Portugal, abandonados os preconceitos infundados e risíveis, substituam este semipresidencialismo nefasto, por uma Monarquia parlamentar, verdadeiramente democrática. Como disse o Primeiro-Ministro de uma monarquia exemplar e de um dos países mais avançados da Europa, o Rei é o maior defensor da república.

 


João Mattos e Silva in Diário Digital (18-Mar-2013)

A desgovernada III republica

 

As justificações do aflito e impopular presidente no famigerado prefácio ao seu livro “Roteiros VII" constituem a prova provada da ineficácia do sistema de Chefia de Estado da nossa república. Refém de prerrogativas constitucionais que lhe legitimam a interferência no poder executivo, qualquer silêncio ou abstenção de Cavaco perante a gravíssima crise que afunda os portugueses no desespero, por mais sincero que seja, é interpretado à luz das cores partidárias que o elegeram, as mesmas que nos governam hoje impondo ao país em profunda crise brutais doses de austeridade. Nesse sentido é absolutamente inglória qualquer tentativa sua de se posicionar acima das facções em disputa do poder.
De facto o nosso sistema semipresidencialista convida ao conflito institucional. Imaginem por momentos que o "candidato poeta" ocupava nesta altura a cadeira de Belém. O mais provável seria a este ponto ter já cedido à tentação de atender ao ruído dos protestos da rua e das redes sociais, em boa parte a sua base social de apoio. Dessa forma teria Alegre “monarquicamente” (no sentido de unilateral) assumido o conflito institucional com o parlamento (em qualquer país civilizado o órgão democrático por excelência, porque representativo, colegial e plural) cuja maioria há menos de dois anos legitimada pelo voto popular suporta o governo do resgate, destituindo Passos Coelho e comprometendo o ajustamento a que a Europa e os credores nos comprometeram.
Eis que os desgastados órgãos de soberania nacionais se revelam reféns da arquitectura do regime, quando a Nação sitiada num trágico processo de resgate financeiro, delas mais necessita.

 

Publicado originalemente no blogue Corta-fitas

Nunca desiste

A história provou que estavam certos, a Casa Real apesar de não reinar está bem fundeada na vida dos portugueses do País que representam como se de um um outro país numa outra realidade se tratasse. Dom Duarte é uma verdadeira embaixada itinerante de Portugal no Mundo e um símbolo da tenacidade de um País que insiste em não desistir.
Poderiamos falar na teimosia de Dom Afonso Henriques, da sabedoria de Dom Duarte ou mesmo na grandeza de espirito de um Dom Diniz ou de um Dom João II, todos os adjectivos e cognomes que atribuimos aos Monarcas representam o espírito da época em que reinaram e o trabalho que deixaram a par da deferência que todo um povo lhes atribuia, mas dificilmente podemos atribuir uma frase que descreva a teimosia e perseverança que se apossou dos descendentes de Dom Afonso I após a partida para o exílio.
Dom Miguel partiria em 1834, para não mais voltar (assim pensavam os seus conterrâneos e assim deixaram escrito em Lei).Dom Manuel II partiria para destino semelhante 76 anos depois e mais uma vez julgava-se que era de vez (e repetia-se o processo Legal).Tal como o chão de Lisboa onde Pombal martirizara os Távoras se julgava estéril ad eternum também com a descendência de Dom Miguel a eternidade provar-se-ia de expressão menor.
Duas gerações depois os Bragança voltavam a Portugal na Pessoa de Dom Duarte Nuno (neto de Dom Miguel I) a contra-gosto do regime que via em Dom Duarte Nuno um espírito independente que influenciava muita gente e que representava um perigo real para o regime, um regime que pretendia fazer com os portugueses o mesmo que o 5 de Outubro de 1910 fez com o Rei: exilá-los.
Para o Estado Novo era complicado querer petrificar a glória e o labor dos Monarcas portugueses e ter ao mesmo tempo um legitimo descendente (que ainda por cima era assim reconhecido pela população) com ideias próprias a andar livremente e de viva voz pelo País sem a ajuda de um qualquer historiador ou arqueólogo do regime.
Pouco tempo depois o povo, seguiria o exemplo: livrar-se-ia do exílio e retornaria à democracia com o 25 de Abril. Afinal a Republica nada tinha aprendido com o Marquês de Pombal.
Os descendentes dos Reis de Portugal poderiam ter optado pela via que a maioria das famílias Reais exiladas opta: viver comodamente no lugar que a História lhes reservava.Mas a estirpe da Coroa nacional é diferente e tal como o seu povo tem tendência a recusar aquilo que é o “curso natural dos povos” e insistir naquilo que lhe é mais verdadeiro em consciência.
É muito provável que continuemos a ver Dom Duarte, um português, a percorrer o seu País e o Mundo a apregoar os aspectos positivos de Portugal, com a simpatia das populações e a contragosto dos republicanos de uma nova República que insiste em negar o óbvio. São precisas mais do que duas Constituições, três revoluções e 100 anos de mentiras para erradicar o português de Portugal.
Como diz o Povo: Portugal é “alma até Almeida” e o seu Monarca não poderia ser diferente.
A Real Associação de Lisboa é uma estrutura regional integrante da Causa Real, o movimento monárquico de âmbito nacional. Esta é uma associação que visa a divulgação, promoção e defesa da monarquia e da Instituição Real corporizada na Coroa Portuguesa, cujos direitos dinásticos estão na pessoa do Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança e em quem legitimamente lhe vier a suceder. Cabe a esta associação a prossecução de iniciativas e de projectos de interesse cultural, social, assistencial e de solidariedade que visem a dignificação, a valorização e o desenvolvimento dos seus associados e da comunidade em que se insere.

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