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BLOGUE REAL ASSOCIAÇÃO DE LISBOA

Quer mesmo ficar sentado?

 

Chegaram e já se instalaram os que de fora vêm impor a receita que nos garantiam não ser necessária. Como é sabido e tem sido repetido até à exaustão, iremos viver tempos de grande dificuldade. Claro que quem nos pôs nesta miserenta situação, uma trupe de sucessivos irresponsáveis habituados a gerir à tripa forra recursos que não são seus, ao sabor dos ciclos eleitorais e das conjunturas, muito provavelmente, não sentirá remorsos nem um pingo de vergonha. Que não têm vergonha já se sabe. Que não nos respeitam também não se duvida. Mas não reside nisto o nosso problema. O grave é não nos darmos nós ao respeito.

Se estivermos minimamente atentos ao que se vai publicando lá fora sobre Portugal e sobre a sua triste situação, percebemos não ser muito abonatória a ideia que têm de nós e da capacidade de nos regermos. E, na verdade, percebe-se. Chauvinismos à parte, não é muito difícil de compreender o desconforto de quem, não tendo qualquer responsabilidades no nosso despautério, nem sequer uma vaga culpa in eligendo, vai pagar as pantominices desta caduca república.

O cenário em que hoje nos vemos é fruto de uma laboriosa prodigalidade de aventureiros e mentirosos que não se limitam a pôr em causa os nossos já magros cabedais. Com manifesta e recalcitrante ineptidão, ferem de morte a nossa credibilidade externa, a nossa compostura internacional e a honra com que nos apresentávamos no teatro das nações.

O medo que devotamos às chamadas ditaduras nacionais não é suficiente para que rechacemos aquelas que nos vêm do exterior. Claro que agora é tarde. Não pode corrigir-se o tiro que foi já desferido, mas deve a experiência do erro anterior ajudar a preparar o próximo disparo.

Não será tarde porém para nos convencermos de que todas as crises em que constantemente tropeçamos, umas mais económicas, outras mais financeiras, mas todas, sempre, políticas, são afinal emanação de valores pífios, transitórios e, as mais das vezes, contraditórios. Não será tarde, como digo. Mas não temos mais tempo. Se não tomarmos colectivamente uma atitude, se continuarmos ronceiramente a adiar a restauração dos nossos valores tradicionais, acontecerá connosco o que sucede com o nosso serviço de saúde. Ou vêm médicos estrangeiros salvar-nos ou morremos sentados numa cadeira de pau à espera de uma consulta.

 

Nuno Pombo in Correio Real nº 5 Maio 2011

Escândalos e lutas pelo poder

 

 

 

O recente escândalo de Dominique Strauss-Kahn, acusado por uma criada de hotel de violação, está a preencher páginas de jornais e tempos de antena das televisões. Por se tratar de um crime sexual, e por DSK, como é conhecido no seu país de origem, ser à data dos acontecimentos director-geral do FMI e, mais importante ainda, provável candidato ao Palácio do Eliseu.


O tratamento deste caso tem todos os ingredientes para captar a atenção dos consumidores de notícias de escândalos: dinheiro, política e sexo. Tal como as histórias que envolveram o Presidente Clinton ou o primeiro-ministro italiano, mas aqui com a grande diferença de haver uma acusação de violência, o que torna o ex-ocupante da Sala Oval e o “cavaliere” Berlusconi em quase meninos de coro.

A notícia causou um terramoto em França, sobretudo no Partido Socialista, que via nele – inclusive mercê de sondagens que o davam como vencedor das eleições presidenciais de 2012 – o grande trunfo para recuperar a Presidência da República que desde François Mitterrand lhe tem escapado. Aliás, se o acusado pertencesse a um partido de direita, o abalo seria igual e as reacções semelhantes. Mas, imediatamente, o PS francês, ainda que oficiosamente, lançou a tese da cabala, o “complot”, que nós portugueses tão bem conhecemos da história política recente, para justificar a acusação. Sem, pelo menos de forma clara, nela implicar o partido do actual presidente, deixando no ar a possibilidade de serem países não europeus a quererem ocupar o lugar mais importante do FMI, os socialistas não deixam de dizer, pelas vozes de dirigentes menores, que DKS caiu numa armadilha para o afastar da corrida presidencial.

Neste caso lamentável, não faço juízos de valor sobre as atitudes “mulherengas” de Strauss-Kahn em que é reincidente, nem condenações prematuras, quando a Justiça ainda não se pronunciou definitivamente. Se tivesse que fazer acusações seria ao espectáculo montado em primeira mão pelo sistema penal dos EUA que fere a dignidade humana, e mesmo os criminosos confessos a têm, pelos meios de comunicação social para quem estes casos são uma forma fácil de vender o produto e para os leitores “voyeurs” que, como as hienas, se alimentam do esterco.

Mas, ao reflectir sobre este caso, não posso deixar de concluir que a simples enunciação da tese de “complot” – que pode muito bem ter existido – envolvendo um eventual candidato à Chefia do Estado francês, revela que a luta pelo poder, ainda que efémero, para o cargo de presidente da república, vem revelar que mesmo para a mais alta magistratura das repúblicas – que representam os seus países e os respectivos Estados, interna e externamente e deveriam ser a referência política das democracias – todas as formas de afastar ou diminuir possíveis adversários são possíveis, mesmo as ilícitas, pela legalidade ou pela ética. A chefia do Estado, pela sua importância nacional e política, não pode estar à mercê de lutas que a diminuem e põem em causa dignidade da função e de quem a encarna.



João Mattos e Silva in Diário Digital (23-Mai-2011) 

A urgência duma mudança

Portugal está em plena crise política, com a demissão do Governo do Partido Socialista, que se soma à profunda crise financeira, a pior em cem anos de regime republicano. Joga-se, nestes tempos de enormes sacrifícios para o nosso povo, o futuro próximo e o das novas gerações, já hoje vítimas de falta de horizontes profissionais e de realização pessoal e que, daqui a não muitos anos, terão de arcar com as consequências, financeiras, mas não só, dos erros governativos acumulados, pelo menos, desde os anos oitenta do século passado e de entre eles a errada aplicação dos fundos comunitários, após a adesão à então CEE; a errada perspectiva de desenvolvimento, com base numa visão irrealista do “enriquecimento” do País por via desses muitos milhões comunitários; a incapacidade dos governos face à crise internacional que se abateu sobre EUA e depois se repercutiu na Europa e a total falta de sentido da realidade das medidas para a minorar, na já frágil economia nacional, com endividamento excessivo e políticas megalómanas, que provocaram em poucos anos o empobrecimento dos portugueses, pelo desemprego assustador, pelos cortes salariais, pelo aumento dos impostos, pelo endividamento de muitas famílias.

Mais do que uma crise financeira e económica, a crise que atravessamos é uma crise de ética: na vida política, onde a regra geral é a mentira, a dissimulação, o compadrio, a fraude, a corrupção, a anteposição dos interesses particulares e de grupo ao interesse nacional e da sociedade; na condução das instituições privadas, nas empresas e nas relações laborais; na vida das pessoas e nas suas relações sociais.

Nada faz prever que a realização de eleições legislativas antecipadas (as sétimas em 37 anos de sistema democrático, o que é já de si anormal) venha resolver, a breve, a médio e a longo prazo, a crise em que estamos mergulhados. Porque não se trata só de mudar um chefe de governo e um partido por outros ou políticas erradas por outras menos erradas. A mentalidade e os princípios que subjazem à arquitectura das instituições políticas do regime e dos homens e mulheres que as servem mantêm-se inalterados.

Só uma profunda mudança na maneira de ser e estar e de servir Portugal e os portugueses, pode restituir-nos uma dignidade nacional enxovalhada e dar-nos esperança de um futuro melhor para Portugal. Essa mudança passa pela restituição ao País do seu chefe natural, que será fonte de estabilidade política, de independência, de amor à Pátria, de defesa da democracia, de ética e de confiança nas instituições e no futuro da Nação de que todos fazemos parte.

 

João Mattos e Silva, In Correio Real nº 5 (Editorial) Maio 2011

Velhas lutas, novas armas

 

Se é certo que a perda de influência dos meios tradicionais de informação, em paralelo com o advento das novas tecnologias, da web 2.0 e toda a sorte de redes de comunicação não mediada, nos aponta para um aparente caos, ou no mínimo para caminhos desconhecidos, certo é que a oligarquia instalada vem perdendo poder de manipular, de doutrinar: os jovens, por exemplo, pouco vêem telejornais, não ouvem telefonia e muito menos lêem os jornais de referência. Fazem pesquisa de conteúdos na Internet e servem-se de downloads, de rubricas escritas ou audiovisuais, lúdicos ou informativos, com proveniência diversa, de produtores oficiais ou independentes, a seu belo prazer, e numa lógica que escapa à grande distribuição, comercial ou institucional. Por exemplo, se fosse há vinte anos, teria sido impossível a grande parte desse público escapar a uma estrondosa e unanimista campanha de propaganda relativa ao centenário da república, promovida pelo monopólio da televisão e rádios “oficiais”. Para mais, uma progressiva desagregação dos Meios tradicionais, desmultiplicados em múltiplos canais para nichos ou “segmentos de mercado”, hoje desguarnece o “Grande Irmão” que assim vai perdendo capacidade de amestrar o “seu povo”.

Assim, a Web 2.0 ou “Social Media”, como hoje se usa designar, com as suas tão democráticas quanto eficazes ferramentas de comunicação, tende a relevar o tradicional e dispendioso “mediador” para segundo plano, porquanto o seu sucesso emerge essencialmente da familiaridade e força de uma ideia, muita inspiração (que não se aprende na escola) e no manuseamento dessas ferramentas tecnológicas.

Este é o princípio que traz para a ribalta mediática muitos dos pequenos e médios projectos tradicionalmente sem recursos materiais para estas andanças; e se a militância pelas nossas convicções não é uma questão binária, de tudo ou nada, dependente de resultados absolutos, mas é motivada pela afirmação, em todo um território intermédio, porta a porta, alma a alma, dos valores da pátria portuguesa e da sua centenária Instituição Real, urge pois estabelecer novas estratégias de aproximação às pessoas, fornecendo-lhes doutrina e informação credível, reforçando-se sentido de pertença através de conteúdos modernos e atractivos.

É neste panorama que, por estes dias, os monárquicos e algumas minorias quase banidas da agenda oficial, são chamados a tomar o seu lugar, a assumir a sua voz, de forma organizada e profissional, investindo, formando-se, e municiando as novas ferramentas comunicacionais da Internet. Estas, devidamente adequadas a uma boa estratégia e públicos-alvo bem definidos oferecem uma surpreendente relação entre o custo e os resultados e potenciam de forma inesperada a sua capacidade de influência…

Porque cada mente arrancada à ignorância, ou alma desperta para a dúvida, é um pequeno mas essencial passo no caminho para um mundo menos decadente e inóspito. É isso que me move.

 

João Távora in Correio Real nº 5 Maio 2011

A Real Associação de Lisboa é uma estrutura regional integrante da Causa Real, o movimento monárquico de âmbito nacional. Esta é uma associação que visa a divulgação, promoção e defesa da monarquia e da Instituição Real corporizada na Coroa Portuguesa, cujos direitos dinásticos estão na pessoa do Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança e em quem legitimamente lhe vier a suceder. Cabe a esta associação a prossecução de iniciativas e de projectos de interesse cultural, social, assistencial e de solidariedade que visem a dignificação, a valorização e o desenvolvimento dos seus associados e da comunidade em que se insere.

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