Bilhete aberto ao Dr. Fernando Nobre
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Os resultados destas eleições não trouxeram qualquer novidade. A notícia escondida está nos "não resultados": os 6% de votos brancos e nulos que significam record absoluto, já não falando da abstenção que rondou 53%. O Chefe de Estado foi eleito por 2.228.083 votos de 9.622.306 inscritos, pouco mais que um quinto dos portugueses. Reflecte a importância que os cidadãos atribuem ao cargo de presidente da república: um assunto de somenos importância. Tirem-se as ilações e concentremo-nos agora em coisas sérias.
Nós, monárquicos, só votaremos na terceira volta das eleições; ou seja, naquelas eleições em que livremente pudermos escolher entre a forma republicana e monárquica de regime. Nós, monárquicos, não fazemos favores nem amparamos ambições usurpadoras de uma chefia de Estado imparcial, independente, acima de partidos e ideologias, longe de clientelas e adversa, por instinto e natureza, às vaidades tolas e aos carreirismos chupistas. Nós, monárquicos, queremos um Rei que presida às repúblicas que fazem Portugal, que dispense CV e publicidade enganosa. Nós, monárquicos, somos monárquicos porque não queremos esta república, pelo que votar naqueles que alimentam a ilusão republicana constituiu a mais rematada contradição. Os 700 ou 800 mil monárquicos de verdade [e não só de palavras] às urnas só acudirão empurrados pela falácia do mal menor. O mal menor é sempre mal, pelo que a única maneira de não sujar as mãos e a consciência colaborando algo que nos repugna - que é mau para Portugal - é ficar em casa, não participar na encenação e não falar sobre, não comentar, não exprimir a mais leve e inocente opinião sobre esta "eleições". Domingo, não votar. Segunda-feira, falar sobre o estado do tempo, os saldos ou os planos para o almoço.
Miguel Castelo Branco in Combustões
Os 500 anos de amizade entre Portugal e o Brasil não podem deixar-nos indiferentes perante a tragédia que assolou os nossos irmãos brasileiros.
Para manifestar a solidariedade do povo português para com as vítimas das inundações do Estado do Rio de Janeiro, a Fundação Dom Manuel II abriu uma conta cujos fundos recolhidos serão entregues às Caritas do Brasil, instituição que desde a primeira hora tem apoiado as populações atingidas.
Crédito Agrícola – Terras do Viriato
NIB : 0045 3080 40241550962 70
Nº da conta : 40 241550962
Título da Conta : Apoio às vítimas inundações do Brasil
fdommanuel@portugalmail.pt
A utilidade dum presidente da república é comprovadamente uma questão de fé, sentimento popular que será aferido no Domingo. Na segunda, com mais ou menos votos, Aníbal e Maria retornarão ao recato do seu palácio e o País à sua irremediável ingovernabilidade. Terminado o circo, resta aos artistas desmontarem a tenda, fazendo contas aos estragos. Os seus assessores e jornalistas retemperarão as forças com uma merecida folga complementar. A democracia, essa vai sendo cada vez mais uma palavra vazia, brinquedo duma casta sem escrúpulos que vem desbaratando o meu País por uma toleima e um prato de lentilhas. Que lhes pese na consciência é o meu ingénuo desejo.
Vêm aí as eleições para um órgão caríssimo, com as mais espúrias e obscuras funções que esta constituição e as subsequentes revisões constitucionais conseguiram conceber. Nas ridículas palavras do próprio actual detentor do cargo, nada mais pode fazer, além de bacocos discursos, para nos ajudar a resolver os graves problemas.
Alguns insuspeitos analistas de vários partidos, vêm avisando há mais de quinze anos da insustentabilidade da nossa situação financeira, que o gigantismo do Estado precisava de ser controlado, que um País precisa de gerar riqueza suficiente para sustentar o estado social, a Educação e a Saúde tendencialmente gratuitas, conforme a Constituição, que não poderíamos viver indefinidamente de empréstimos contraídos no mercado...
É preciso reconhecermos que o nosso problema não vem da crise do sub-prime de 2008. Não! Isso apenas agravou uma situação endémica, que teve o seu início com a adesão à Comunidade Europeia, que ocorreu durante o governo do actual presidente, que é o primeiro responsável pela desarticulação do nosso tecido produtivo, da nossa agricultura e pescas, pela desertificação do nosso interior, tudo isto através dos subsídios que a Comissão Europeia para cá mandou, com o objectivo, irresponsavelmente consentido, de nos tornarmos consumidores dos excedentes então existentes, sobretudo em França e Espanha.
Nesse tempo, não faltava dinheiro e começou então a criar-se o monstro do aparelho de Estado, consumindo a teia burocrática uma grossa parcela dos fundos europeus.
Enquanto os nossos governantes andam pelo mundo de mão estendida à caridade, tentando escapar ao humilhante recurso ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Central Europeu, por cá, seis-candidatos-seis, entretêm-se numa campanha eleitoral para um cargo que, de acordo com o actual titular, de nada nos serve, embora nos custe muito dinheiro.
Mas de que se ocupam as criaturas, para nos convencerem da importância das altas funções a que aspiram? De lucros há muitos anos obtidos em negócios de acções, ou de proveitos recolhidos em anúncios bancários!
Merecem estas invejosas comadres, que os Portugueses os levem a sério? Por mim, já dei para este miserável peditório.
Dom Vasco Teles da Gama in Diário Digital (18-Jan-2011)
Dez milhões de portugueses foram vítimas de uma fraude, que os fará passar anos de miséria.Toda a gente acusa deste crime, único na nossa história recente, entidades sem rosto como os “mercados”, a “especulação” ou meia dúzia de agênciasde rating, que por motivos misteriosos resolveram embirrar com umpequeno país bem comportado e completamente inócuo.Mas ninguém acusa os verdadeiros responsáveis, que continuam por aía perorar, como se não tivessem nada a ver com o caso e até se juntam,quando calha, ao coro de lamúrias.Parece que não há um único político nesta terra responsável pelo défice,pela dívida e pela geral megalomania dos nossos compromissos.O Estado foi sempre administrado com bom senso e parcimónia. Tudo nos caiu do céu.Certos pensadores profissionais acham mesmo que o próprio regime que engendrou a presente tragédia é praticamente perfeito e que não sedeve mexer na Constituição em que assenta.Isto espanta, porque a reacção tradicional costumava a ser a de corrigir as regras a que o desastre era atribuível.Basta conhecer a história de França, de Espanha ou mesmo de Portugalpara verificar que várias Monarquias, como várias Repúblicas,desapareceram exactamente pela espécie de irresponsabilidade (e prodigalidade) que o Estado do “25 de Abril” demonstrou com abundância e zelo desde, pelo menos, 1990.A oligarquia partidária e a oligarquia de “negócios” que geriram, em comum, a administração central e as centenas de sobas sem cabeça ou vergonha da administração local, não nasceram por acaso.Nasceram da fraqueza do poder e da ausência de uma entidade fiscalizadora.Por outras palavras, nasceram de um Presidente quase irrelevante; de umaAssembleia em que os deputados não decidem ou votam livremente; de Governos, que no fundo nem o Presidente nem a Assembleia controlam; de câmaras que funcionam como verdadeiros feudos; de uma lei eleitoral que dissolve a identidade e a independência dos candidatos.Vivendo a nossa vida pública como vivemos, quem não perceberáa caracterizada loucura das despesas (que manifestamente excedeo tolerável), a corrupção (que se tornou universal), os funcionários sem utilidade, o puro desperdício e, no fim, como de costume, a crise financeira?A moral da coisa é muito simples: só se resolve a crise mudando de regime.
Vasco Pulido Valente
em Público, Opinião, 15.1.2011
via "Causa Monárquica"
Oiço e leio todos os dias os opinadores encartados nas televisões constatarem que a campanha e os discursos não geram entusiasmo, divididos entre a demagogia dos candidatos que reclamam matérias fora do seus poderes, e os que se desculpam por não possuírem prerrogativas para intervir. O problema é que os analistas chegados a este ponto bloqueiam, não desenvolvem a partir daqui, quando seria lógico questionarem o regime. Porque tem um cargo simbólico como este de ser de sufrágio universal e directo? Porque não adoptar um modelo como o da Alemanha ou da Itália em que os elegem nos seus parlamentos? Porque não referendar a monarquia?
Mas recentrando-nos na questão principal: o que receiam os operadores da política (em que incluo os jornalistas) ao não debatem o modelo da Chefia de Estado e sua eleição? Será que receiam cuspir na mão que lhes dá de comer? É o medo da mudança?
O facto é que a monarquia constitucional e as duas primeiras repúblicas caíram de podres, não se adaptaram ou desenvolveram, com as trágicas consequências que conhecemos. Estamos fartos de saber o que não funciona... Até quando vamos continuar neste circo a fingir que tudo está bem?
Anda pelo Facebook uma discussão acesa sobre a melhor atitude a tomar por um monárquico face às eleições presidenciais que se aproximam para a qual julgo convém imprimir alguma racionalidade.
1 - Votar: Nada impede moralmente um monárquico votar numas eleições presidenciais, quando na sua consciência mais altos valores se elevarem.
2 - O voto branco: esta opção presta-se facilmente à fraude.
3 - A abstenção: se esta for muito significativa pode (se os media e os agentes políticos assim o entenderem, o que não é liquido) colocar na agenda o tema da legitimidade do regime. Por outro lado este "não gesto" legítimo confunde-se com a irresponsabilidade dos comodistas ou alienados, não significando uma mensagem política clara contra a república.
4 - O voto nulo: tem a vantagem de explicitar um protesto contra o regime, no entanto contará como voto expresso com efeitos na eleição: deduzindo-se à abstenção obriga o vencedor a aumentar o score para a maioria.
Como em tudo na vida, não há uma receita "absoluta" e são legítimas diferentes opções, sendo que pela minha parte escolhi votar nulo.
O apregoar desta campanha presidencial lembra-me a orquestra do Titanic freneticamente a tocar enquanto o navio abalroa na iminência do trágico naufrágio. No meio da aflição de alguns e da inconsciência de outros, os mais destacados passageiros da 1ª classe já acomodados nos salva-vidas, discutem de charuto na boca e conhaque na mão, se são contra ou a favor, se é justo ou injusto, o rombo que afunda o navio.
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