E o Louçã que não gosta de contos de fadas...
É uma tentação irresistível, mas de vez em quando um descendente ideológico de Afonso Costa, esse impoluto “democrata” que depois de 1910 com os seus capangas encheu as prisões indistintamente de monárquicos e sindicalistas, que restringiu o direito de voto da população, fazendo a percentagem de cidadãos votantes descer de 75% para 30%, tem de vir dar prova de vida a perorar contra a Instituição Real. Desta vez foi o Reverendo Louçã, inspirado pelo "Podemos" de nustros hermanos que se impressionou muito com o agraciamento da Infanta Leonor, a princesa herdeira do trono de Espanha, com o Tosão d’ Ouro, uma ordem dinástica atribuída muito restritivamente, tradicionalmente recebida pelo herdeiro da coroa espanhola em tenra idade. Curioso é perceber que republicanos como Louçã aprofundam tanto os seus estudos de genealogia - e, no caso, da pureza das linhagem dos Bourbons - mas fingem não perceber como a Instituição Real em Espanha é muito mais do que “um conto de fadas para revistas cor-de-rosa”: quando necessário foi garante da democracia e da Constituição, mas acima de tudo é sustentáculo contra a desagregação da Espanha. Aliás, conhecendo as causas do sacerdote Louçã, logo se descobre que "desagregação" é a palavra-chave da sua agenda, e fica-se desconfiado com o seu papel no Banco de Portugal ou de Conselheiro de Estado. A desagregação da Europa, a desagregação das Nações, a desagregação da democracia liberal, a desagregação das empresas, a desagregação da família, a desagregação da Igreja e de tudo que seja instituição fiável para o progresso de comunidades sólidas e livres. Entende-se porquê: esse caos de desagregação é o campo fértil, a única fórmula de conquistar gente revoltada e insatisfeita que se abalance para o seu projecto revolucionário do Homem Novo, como é exemplo vivo a Venezuela e as outras repúblicas tão ao seu gosto na sua juventude. No fundo, a coisa que mais frustra o Dr. Louçã são as monarquias europeias onde os revolucionários como ele jamais conseguiram por o pé em ramo verde, países em que a comunidade se revê nas suas resistentes instituições, e por isso sempre alcançam a prosperidade. Infelizmente para nós, em Portugal dão-lhe demasiado protagonismo. Porque será?
Nota: pensei ilustrar este post com uma fotografia de Louçã, mas pensando bem, porque prefiro um conto de fadas a um filme de terror, escolhi a fotografia de uma princesa. Porque sou um patriota aqui fica a da infanta D. Maria Francisca que é por certo uma das mais bonitas da Europa.