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BLOGUE REAL ASSOCIAÇÃO DE LISBOA

Dia de Portugal

Bandeiras.jpg

Despachadas pela fresca as cerimónias militares do Dia de Portugal que ocorrem hoje no Terreiro do Paço, Marcelo Rebelo de Sousa, Eduardo Ferro Rodrigues e António Costa embarcam para Paris, não para irem ao futebol, mas para festejar a efeméride com os emigrantes. Se a comunidade portuguesa em França merece essa consideração, suspeito que todos os portugueses precisam de se reencontrar com uma ideia de Pátria em que se revejam com salutar orgulho, um pouco mais consistente do que a “Selecção Nacional”.

Digo isto porque me parece que, nas últimas décadas, a grande maioria dos portugueses passaram de um estágio de relativa inconsciência quanto à sua identidade para assistirem a um processo muito agressivo de desconstrução dos valores fundacionais e a um severo julgamento dos feitos históricos que sustentaram esta Nação improvável ao longo de 900 anos. Diabolizar o passado é da conveniência de um regime que se alimenta de amanhãs que cantam. Se somarmos isso aos duros tempos de aflição financeira que atravessamos, de permanente cedência de soberania à geringonça europeia que nos suporta, num ambiente de extrema conflitualidade política, receio bem que a nossa auto-estima esteja junto ao chão que nos resta.

Nesse sentido, todos as celebrações de Portugal serão poucas, desde que constituam algo mais do que mero folclore ou palavras ocas de auto-promoção dos protagonistas no jogo político. Porque urge encontrar uma fórmula de conceder aos portugueses um grato e salutar sentimento de pertença à Nação, ancestral legado e empresa de futuro, a edificar diariamente através de acções consequentes por todos e cada um de nós.

P.S. Curiosamente, será uma vez mais na clandestinidade mediática que decorre hoje, dia 10 de Junho, junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, em Belém, a habitual homenagem a todos os homens e mulheres que tombaram em defesa dos valores e da perenidade da Nação Portuguesa, um acontecimento pleno de dignidade e de grande comoção patriótica em que faço questão de participar.

 

Publicado originalmente no Diário Económico

Fotografia - Nuno Albuquerque Gaspar

 

 

Hergé: Um Monárquico Convicto

Tintin_O_Ceptro de Otocar.jpg

Muitos conhecem Georges Remi somente pelo génio da escrita e do desenho, que lançou ao Mundo a 10 de Janeiro de 1929, Tintim, o herói que o catapultou para o sucesso sem precedentes. Mas o que talvez não saibam é da sua luta e lealdade pelo Rei da Bélgica, Leopoldo III, e acima de tudo pela Monarquia.

Nunca se conheceu o paradeiro do verdadeiro avô de Hergé, o que o fez fantasiar por algum tempo poder tratar-se do próprio Leopoldo II, pois era famoso por ter vários filhos ilegítimos. Quando a sua prima Marie Louise lhe perguntava quem era o avô, ele desviava a conversa, mas por fim respondeu-lhe: “Não te digo quem era o nosso avô porque isso podia subir-te à cabeça”.

Desde o lançamento do primeiro volume de As Aventuras de Tintim, que os Príncipes Balduíno e Alberto recebiam cópias de luxuosa encadernação de todas as obras.

Logo a 14 de Outubro de 1936 o Rei Leopoldo III anunciava que em caso de guerra a Bélgica deveria manter-se neutra, pois se fosse invadida de novo “a luta devastaria o país de uma forma tal que a guerra de 1914-1918 não passaria de um pálido reflexo”. As suas palavras estavam certas, mas o destino foi inevitável. Hergé concorda com a tomada de decisão do Rei, apesar de haver algum descontentamento na opinião pública.

No ano de 1939 é publicado O Ceptro de Ottokar, livro que exalta a Monarquia Constitucional, onde o herói salva o Monarca da Sildávia de uma conspiração com o objectivo de implantar uma república ditatorial. As parecenças do Muskar II, soberano fictício da Sildávia, com o Rei Leopoldo III são visíveis. Esta era a forma de Georges mostrar a sua lealdade com a Casa Real belga, apesar de todas as adversidades.

Quando a II Guerra Mundial estala os quatro principais ministros belgas decidem abandonar o país e partirem para França. Leopoldo III por seu turno não abandona a Bélgica, dizendo que o seu lugar era ao lado do povo. Neste momento era ele que dirigia pessoalmente as operações militares. A 28 de Maio de 1940 o Rei rende-se a Hitler para evitar massacres, ficariam imortais as suas palavras “Não vos abandono no infortúnio que nos atormenta e comprometo-me a velar pelo vosso destino e pelo das vossas famílias. Amanhã começamos a trabalhar com a firme vontade de levantar a pátria das ruinas”. Hergé declararia mais tarde “Penso que nunca existiu nenhum testemunho que me abalasse a minha convicção inicial. (…) O rei teve razão”.

Durante este período Hergé carece de bens de primeira necessidade, por esta razão pede a Adolfo Simões Muller, director do jornal português O Papagaio, seu parceiro desde 1936, que enviasse comida para si e para o seu irmão Paul, que se encontrava prisioneiro na Alemanha. E assim o fez, enviando inúmeras iguarias, café e tabaco. Portugal foi o primeiro país a traduzir e a colorir As Aventuras de Tintim. Curiosamente Adolfo Simões Muller compartilha o mesmo apelido de um dos eternos rivais de Tintim.

Georges só viria a conhecer Leopoldo III em 1948, quando este se encontrava em Prégny, na Suíça. O Rei convida-o para almoçar e recorda com saudade todos os álbuns que lhe foram enviados ao longo de quase duas décadas. A partir desse momento estabeleceu-se uma amizade.

 

Francisco Teles da Gama

 Publicado no Correio Real nº 12 de Janeiro 2016 

A Real Associação de Lisboa é uma estrutura regional integrante da Causa Real, o movimento monárquico de âmbito nacional. Esta é uma associação que visa a divulgação, promoção e defesa da monarquia e da Instituição Real corporizada na Coroa Portuguesa, cujos direitos dinásticos estão na pessoa do Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança e em quem legitimamente lhe vier a suceder. Cabe a esta associação a prossecução de iniciativas e de projectos de interesse cultural, social, assistencial e de solidariedade que visem a dignificação, a valorização e o desenvolvimento dos seus associados e da comunidade em que se insere.

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