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BLOGUE REAL ASSOCIAÇÃO DE LISBOA

Rui Moreira em entrevista ao Correio Real em 2012

 

 

Na sequência dos resultados eleitorais de ontem da lista independente para a Câmara Municipal do Porto, é com gosto que recordamos a entrevista a Rui Moreira feita a há pouco mais de um ano para o Correio Real nº 8.

 

Conhecida figura dos meios empresariais e associativos,

com forte intervenção pública, Rui Moreira é monárquico de longa data,

defendendo que o nosso movimento deve estar mais em sintonia com o sentir actual das populações

 

 

Uma pequena nota biográfica...

Nasci no Porto há 55 anos, estudei no Colégio Alemão e depois no ensino público, no Liceu Dom Manuel II, que era um excelente liceu, e depois no Liceu Garcia de Orta. Coincidindo com o 25 de Abril, logo a seguir fui para Londres, onde me licenciei em Gestão pela Universidade de Greenwich. Andei pela Europa, vivi algum tempo na Noruega e na Alemanha e vim para Portugal em 78e fiquei com um dos negócios tradicionais da família. Fiz a minha vida a partir dessa empresa, até que em 1991 resolvi vendê-la e trabalhar noutras coisas. Desde então, dedico-me à vida associativa, escrevo, faço televisão, enfim, faço aquilo de que gosto. Como vendi bem a empresa, isso permitiu-me alguma liberdade. Tenho dois filhos, um deles estudou em Cambridge, o outro estuda em Milão, na Bocconi. Faço parte de uma família tradicional do Porto, mas com ligações a Lisboa. O meu avô materno, José Luís Brandão de Carvalho, que muito me influenciou, era de Lisboa, monárquico, do Belenenses e foi uma pessoa que nos inspirou muito, tinha uma visão extraordinária da vida, das relações humanas e também das tradições, daquilo que nós temos de bom em Portugal e que tantas vezes esquecemos. Por outro lado, tenho o exemplo do meu pai, uma pessoa absolutamente inovadora, um visionário na área da indústria, que viajava pelo mundo numa altura em que os portugueses tinham quase medo de o fazer...

 

Como é que se começou a interessar pela parte política monárquica?

Em primeiro lugar, pelo meu avô materno. Esse resíduo de infância fica sempre, os valores. Uma ética diferente da que se vivia já então nas ruas. Apesar de ele ter morrido cedo, nos anos 60, era uma pessoa que apelava a esses valores. Depois, o facto de ter vivido em Inglaterra e, principalmente, na Noruega, que considero uma monarquia perfeita, contribuiu para me tornar monárquico. Percebi na Noruega que sendo um país que já na altura era extraordinariamente avançado nos usos e costumes e tudo mais, convivia muito bem com uma monarquia constitucional, que as pessoas admiram, não contestam, que é um símbolo do país, um símbolo de unidade. Lembro-me de encontrar os monarcas, ao contrário dos ingleses, que vivem distantes do seu povo, a passear os cães no mesmo passeio que eu atravessava para ir trabalhar. Isso impressionou-me muito. Confirmava que era possível ter uma monarquia avançada, desenvolvida, e conviver com ideias diferentes. Há pessoas com ideias muito diferentes, desde nacionalistas fanáticos até uma esquerda libertária, mas todos têm um enorme respeito pelos monarcas e pelo que eles representam. Não lhes passa pela cabeça contestar a monarquia.

 

Também em termos de sociedade, costumes, há uma ideia em Portugal de que os monárquicos são conservadores, rígidos, protocolares...

Eu julgo que aí a culpa está dos dois lados. É verdade que em Portugal há uma corrente republicana que tenta colar os monárquicos a essa imagem do passado, acho também que há alguns dos monárquicos que pecam por vestirem essa carapuça e por vezes defenderem questões que pouco ou nada têm a ver com a monarquia. Evidentemente que as tradições são muito importantes, mas nós não podemos virar as costas aos movimentos e à sensibilidade das pessoas. Incomoda muito ouvir discursos que nos tentam colar a uma visão reaccionária. Não tem a ver com ser de direita ou esquerda, é reaccionária porque vai contra aquilo que é a sensibilidade das populações. A sociedade evoluiu muito, e rapidamente, e não nos cabe a nós, monárquicos, fazer julgamentos sobre esses valores. Esses julgamentos afugentam muito as pessoas.

 

Tivemos agora o Jubileu da Rainha Isabel II com toda aquela grandiosidade, eloquência e protocolo, mas contrapõe uma monarquia que parece primar até por uma certa discrição em termos de mediatismo...

Eu gosto mais de uma monarquia com menos pompa. À volta da monarquia inglesa há uma enorme máquina publicitária, que funciona muito bem. Eu respeito isso, mas tendencialmente gosto mais das monarquias continentais como a holandesa, a belga ou as escandinavas, porque têm uma visão mais terra a terra, de maior proximidade com as pessoas, que é exemplar na forma como se comportam, como reagem com os seus súbditos. E sem querer ser insultuoso, nessas monarquias é tudo um bocadinho menos folclórico do que aquilo que há à volta da família real britânica. Mas também se percebe que em Inglaterra seja assim, não nos podemos esquecer que esta foi a rainha que assistiu à descolonização. E quando se pensava que isso podia pôr em risco o espírito monárquico britânico, eles viraram isso com uma máquina de comunicação e publicitária muito forte e, nesse aspecto, fizeram bem. Mas não me parece ser esse o caminho que se identifica connosco, nem acho que devamos seguir por aí, porque nós, de facto, somos diferentes. Muitas vezes tendemos a achar que somos mais parecidos com os ingleses do que de facto somos.

 

Não acha que os portugueses apreciam também uma certa distanciação da parte de quem tem poder?

Acho que não. Basta ver a relação que os portugueses, sobretudo os mais humildes, têm com o Senhor Dom Duarte, que, se repararem, tem uma relação extraordinária com as pessoas com quem se encontra na rua. Os portugueses apreciam muito isso, o ele ser uma pessoa em quem se podem rever.

 

O verdadeiro primus inter pares?

primus inter pares. O rei liberal que se envolveu em causas como Timor, que se envolve em causas como a agricultura. Os portugueses apreciam muito isso. Nós não devemos alterar essa relação entre a nossa Casa Real e os portugueses. Acho que não devemos fazer disto uma coisa com pompa e circunstância, principalmente nos tempos actuais. É evidente que se não tivesse havido o 5 de Outubro, se calhar nós poderíamos ter desenvolvido a monarquia de outra maneira. Mas hoje a relação é diferente e aproxima-se muito mais daquilo que são as monarquias continentais.

 

Gostaríamos que falasse da sua visão estratégica para o país, das causas que defende, nomeadamente nos transportes.

Portugal só vale para fora de si. Nós não valemos para dentro de nós. Há países continentais como a Alemanha, a França ou a Espanha que podem viver para dentro de si, nós não. Essa tem sido, ao longo dos séculos, a nossa realidade. Só fomos grandes quando fomos capazes de olhar para fora de nós mesmos. Acho que nos últimos anos, o que aconteceu com a descolonização, com a adesão à União Europeia e com o eldorado desta adesão, foi que de repente esquecemos essa raiz e tentámos transformar-nos num país continental. E eu diria malgré-nous, porque temos uma enorme diáspora, que de alguma maneira justificaria que lhe déssemos outra atenção.

 

Mas o que é isso de uma estratégia para Portugal?

A questão fundamental do conceito de estratégia tem a ver com o seguinte: não vale muito a pena reclamarmos por causa da nossa posição geoestratégica no mundo. Tenho vindo a interessar-me por questões como a ferroviária, aeroportuária, a questão do mar, etc., e verifico que nós não temos sido capazes de compreender a nossa nova territorialidade, depois da descolonização. Prova disso é que, sendo um país que subitamente está reduzido a 90 mil quilómetros quadrados, estamos a fazer a hiperconcentração do país em dois pólos, Lisboa e Porto, ou até só num, porque acho que há uma hipercapitalidade em Portugal, o que é dramático para o país. É dramático até para Lisboa. E os piores centralistas não são os lisboetas, pelo contrário.

 

Como é que se contraria isso?

Essa hipercapitalidade tem de ser contrariada através de medidas políticas de desenvolvimento. Acho que estamos a desperdiçar o nosso território, no interior só vivem os velhos e os desvalidos. Nem temos sido capazes de compreender como se chega a essa Europa querida, que nós queremos. Veja-se a nossa política em termos de transportes marítimos em que não fomos capazes de construir uma frota mercante. Em que não somos capazes de ter uma coerência em relação às questões de caminho-de-ferro, em que devíamos ter negociado com Espanha doutra forma.

 

 Defende também transportes ferroviários para nos ligar à Europa...

 

Quando olhamos para as nossas regiões verificamos que há duas regiões plano que têm, em termos de balança comercial, superavit: o Centro e o Norte. Curiosamente o Centro tem até um superavit ligeiramente superior ao do Norte, por causa da região de Águeda e Aveiro. Ou seja, as nossas exportações concentram-se, a não ser na pasta de papel e nos automóveis, por causa da Autoeuropa, maioritariamente na zona Centro e na zona norte do país. Logo, aquilo que seria óbvio na via-férrea seria nós investirmos na linha da Beira Alta. Para mim, o único desígnio estratégico possível é termos um pipeline, ou seja, se nós sabemos que as nossas mercadorias não podem chegar ao centro da Europa, ou dificilmente chegam, por via marítima por causa dos países continentais, se sabemos que a rodovia está condenada a prazo por causa das questões ambientais e das questões energéticas, então o que precisaríamos era de um pipeline que levasse as nossas mercadorias ao centro da Europa.

 

Esse pipeline é a via-férrea…

Aquilo que eu defendo é a aposta na linha da Beira Alta, com uma ligação pelo norte de Madrid à Europa. E depois nós temos um porto seco ideal, que é Aveiro. Está exactamente na confluência entre a zona Norte e a zona Centro e ainda por cima pode ser servida pela linha do norte que existe e que poderia descarregar ali mercadoria.

 

Voltando ao tema da monarquia, qual é, no seu modo de ver, a garantia de sustentabilidade da Causa Real?

Em primeiro lugar, diria que o relógio da história nos é benéfico. Acho que as celebrações do centenário da República foram extraordinariamente importantes para nós, porque, de repente, se desmistificou a I República. Havia uma ideia poética do que tinha sido a I República, mas os mais atentos já perceberam que foi um tempo de insurreição permanente. Sobre a II República, toda a gente tem as suas convicções e a generalidade tem convicções negativas. A III República está no estado em que está e portanto, hoje em dia, os portugueses muito dificilmente se identificam com a Constituição.

 

Acha a nossa Constituição ideológica?

Não e não me agride muito o facto de ter um preâmbulo ideológico, que é um mero um vestígio de uns dinossauros. Acho é que é programática. O que vemos hoje é que as pessoas se estão a afastar dos partidos. Ou seja, a democracia representativa, tal como nós a entendemos está posta em causa, o que abre uma nova perspectiva. E, pela primeira vez desde o 25 de Abril, a figura do Presidente da República é fortemente contestada por sectores à direita e à esquerda. Tradicionalmente, o Presidente da República era mais ou menos consensual. Quando não era, como normalmente vinha da esquerda, o povo de esquerda dizia que era o presidente de todos os portugueses. Já de si, esta necessidade de evocar isto convém ao nosso ideal monárquico. Se de facto um presidente tem de reclamar que é o presidente de todos os portugueses é porque, no fundo, quer adquirir a tolerância que todos nós já teríamos se ele fosse rei. Nós, os monárquicos, temos um conjunto de virtudes e de vantagens que temos de ser capazes de trabalhar, mas é um caminho longo, geracional, uma maratona.  

Como é que podemos começar a traçar este caminho?

Temos que aprender a não ser programáticos. Porque os monárquicos têm sido programáticos e assim não podemos condenar a república por ser programática. Se vamos para causas morais e éticas e tomamos partido, as pessoas não vão passar a ser monárquicas por nós estarmos do lado delas. Ao mesmo tempo, estamos a afastar uma série de pessoas que tem visões diferentes. Porque a sociedade evoluiu, porque a moral evoluiu e portanto cada um de nós deve ter direito aos seus princípios morais, que devem ser respeitados.

 

Qual o papel das Reais Associações na tal maratona que é preciso correr?

É importante que existam e que cada uma funcione como um núcleo com autonomia. Mas temo sempre, e não estou a apontar o dedo a ninguém, que se vá excessivamente pela pompa e pelo tal espírito programático, do género, “aquela pessoa é a favor do aborto então não pode ser monárquica”. Isto não pode ser. Eu estou particularmente à vontade porque não sou a favor do aborto, mas acho que tentar confundir as coisas é terrível. Ou seja, se queremos voltar à monarquia através do tradicionalismo, é uma guerra perdida e não contarão comigo porque não é esse o sentimento das pessoas. Nós devíamos estar a discutir coisas importantes como o que é a essência da Europa. Até porque vamos precisar de uma nova Constituição europeia, porque já se percebeu que aquilo que foi feito estava mal feito. Voltar a falar nos valores da cultura, no que são os pilares da civilização europeia, perceber que tem três raízes: Roma, Atenas e Jerusalém, por esta ordem. Numa federação europeia, é preciso a simbologia e esta vem da nossa história. Se formos capazes de explicar isso, as pessoas entendem e as futuras gerações entenderão o valor da monarquia enquanto um dos pilares daquilo que é um Estado Nação, com as suas origens e a sua história, e que tem as suas tradições e que as quer guardar.

 

Ser monárquico trouxe-lhe dificuldades?

Há sempre uma tentativa de ridicularizar, mas as pessoas que são do Porto estão habituadas, eu convivo bem com isso. Às vezes, avisam-me: “se você tem aspirações políticas, não se meta nisso!”. Outras vezes, vêm tentar discutir o sangue azul, mas eu não discuto esse género de coisas.

 

Duarte Calvão com João Távora, Maio de 2012 

 

"Enquanto os políticos se esforçam para reescrever a História, a soberana só tem de encarná-la."

 

O Courrier Internacional deste mês publica uma série de artigos sobre regimes monárquicos, o primeiro dos quais da autoria de Patrick van Ijzendoorn, dedicado à monarquia britânica. Aqui ficam alguns excertos (os destaques a negrito são meus):

 

«A monarquia faz parte do ADN britânico. Mais do que em qualquer outro local da Europa, está profundamente enraizada na história do país. A monarquia holandesa seria bem mais sólida se tivesse reinado no Século de Ouro (época próspera por volta do século XVII). 

 

O fenómeno monárquico responde, igualmente, a um crescente interesse pela história. Contrariamente aos Países Baixos, onde tudo deve, a qualquer preço, ser novo e moderno, no Reino Unido o termo conservador não tem conotação pejorativa.

 

Com um papel preponderante na sociedade, os membros da família real estabelecem uma ligação com um passado exótico, com uma organização social antiga, de ideal romântico - nomeadamente o de nação - que é imortal. E isso é um fenómeno de fácil compreensão numa sociedade complexa. 

 

(...)

 

Os britânicos, com o seu espírito empírico, colocam uma questão retórica: para quê substituir um sistema que funciona, que produz efeitos teatrais, que é favorável às relações comerciais, atrai turistas e só custa a cada contribuinte 62 pence (0,54 euros) por ano?

 

(...)

 

Paradoxalmente, é o republicanismo que enferma de uma natureza elitista, muitas vezes snobe, enquanto o amor da monarquia tem um lado popular. Sua Majestade, a rainha, não o é tanto pela Graça de Deus ("God Save the Queen" [Deus guarde a rainha], como diz o hino nacional), mas pela graça do povo. Quando a monarquia já não contar com o apoio popular, desaparecerá. 

 

Esta relação de forças foi notória nos dias que se seguiram à morte da princesa Diana (1997). A família real foi obrigada pela voz do povo - sob a pressão do magnata republicano da imprensa Rupert Murdoch - a entrar num avião, deixar a residência de verão de Balmoral e regressar a Londres para publicamente participar nas cerimónias fúnebres. Por um breve momento o povo mostrou quem mandava.

 

Dezasseis anos depois, os Windsor são alvo de uma popularidade inegável, enquanto jornalistas, banqueiros e políticos perderam a autoridade. A última coisa que os britânicos querem é ver mais políticos com falsas promessas e agendas secretas. 

 

Enquanto os políticos se esforçam para reescrever a História, a soberana só tem de encarná-la. (...)

 

Até parece que é preciso um líder não eleito para encarnar a democracia. Um chefe de Estado, escolhido por via biológica, que assegura a unidade no seio de um país dividido pelo individualismo, multiculturalismo, dinheiro, querelas políticas, guerras culturais e classes sociais. A monarca é comparável à figura de proa do Cutty Sark: o barco até podia não ter uma figura de proa, mas não seria tão bonito, não seria facilmente reconhecido e seria, seguramente, menos impressionante.» 

Jantar-conferência em Bruxelas

É já no próximo Sábado, dia 28, que a Real Associação Portuguesa para a Europa organiza um jantar-conferência para assinalar o 150.º aniversário do nascimento de Sua Magestade, o Rei D. Carlos. É sem dúvida uma boa oportunidade para que os monárquicos portugueses moradores na Bélgica se reúnam. Imperdível é também o orador: S. Exa. o Embaixador José Cutileiro! 

 

Será às 20h, no restaurante português "O Profeta", Rue Général Leman, 5, Bruxelas (Etterbeek).

Preço: 25 euros.

Inscrições ou perguntas: real.associacao.europa@gmail.com.

 

Estão pois reunidas todas as condições para que esta seja uma noite memorável. Votos de muito sucesso!

Temos o que merecemos

Como monárquico parlamentarista, ambiciono um País com instituições sólidas e credíveis, dinâmicas na adaptação aos desafios dos tempos, e resistentes aos conflitos sectários que resultam duma sociedade civil tão vigorosa e interveniente quanto tolerante. Mas tenho para mim que o Portugal de hoje, arruinado e deprimido, é exactamente aquilo de que os portugueses são capazes, e isso é algo frustrante para quem como eu ambiciona muito mais duma Nação com quase novecentos anos. 

Ao contrário da maioria dos portugueses, não alinho em messianismos, e estou convicto que a solução para o meu país começa na minha atitude, está na minha casa e no meu trabalho. Ou seja, não é possível resolver o problema de fora para dentro: é uma completa fantasia ter uma economia competitiva, instituições estáveis e condignas, apenas mudando a arquitectura administrativa (coisa em que ninguém está interessado em mexer), sem uma profunda reforma das mentalidades que comece pela assunção por cada português da sua quota responsabilidade, seja pela sua vida, família, condomínio, paróquia, autarquia, clube desportivo, associação recreativa ou partido político. Toda e qualquer teoria ou projecto que não se fundamente neste pressuposto, está votada ao fracasso, e por isso temos aquilo que merecemos. Como referia José Joaquim Lopes Praça, intelectual português do século XIX preceptor dos infantes D. Luís Filipe e D. Manuel, "o génio da liberdade alimenta-se mais dos nossos costumes que do vigor das nossas leis".

Acontece que grosso modo, somos um povo indolente e sentimental, desconfiado e intolerante, pouco atreito à partilha de responsabilidades e aos desafios duma existência quotidiana de normalidade. Vivemos a idealizar um passado heróico e na expectativa da ressurreição dum Salazar ou dum D. Sebastião, cremos em mitos e revoluções, que corrijam todas as infâmias e injustiças… perpetradas pelos “outros”.

Sem jamais desistir com todas as minhas forças de assumir um protagonismo nos destinos da minha Pátria, estou cada vez mais convicto de que vivemos hoje uma realidade nacional atomizada, e que o meu País acaba à porta da minha casa, que o meu Portugal é cada vez mais uma sólida rede de amigos, famílias e de símbolos onde o reconheço plasmado. Uma rede que funciona como uma Arca de Noé onde se preservam princípios e ideais, ou seja, a Esperança. O resto é um território que se parece demais com um condomínio que dividimos e pagamos por mera necessidade e sentido prático. 

 

Publicado originalmente em Olhar Direito, para a série "Pensar o País". A seguir aqui.  

A Real Associação de Lisboa é uma estrutura regional integrante da Causa Real, o movimento monárquico de âmbito nacional. Esta é uma associação que visa a divulgação, promoção e defesa da monarquia e da Instituição Real corporizada na Coroa Portuguesa, cujos direitos dinásticos estão na pessoa do Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança e em quem legitimamente lhe vier a suceder. Cabe a esta associação a prossecução de iniciativas e de projectos de interesse cultural, social, assistencial e de solidariedade que visem a dignificação, a valorização e o desenvolvimento dos seus associados e da comunidade em que se insere.

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